Os integrantes da banda de pagode New Hit devem ser julgados somente em 2013 da acusação do estupro de duas adolescentes em Ruy Barbosa, no interior da Bahia. De acordo com o advogado dos acusados, Kleber Andrade, e o delegado Marcelo Cavalcanti, a Justiça não deve agilizar o processo em tempo para que a decisão saia ainda neste ano. Após 38 dias detidos, os acusados receberam habeas corpus e respondem em liberdade por estupro e formação de quadrilha.

As vítimas, duas adolescentes de 16 anos, relatam ter sofrido ameaças de morte por celular e tiveram as casas vigiadas por carros “suspeitos” depois da denúncia e por conta disso, as duas estão sob proteção do Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM) da Secretaria de Justiça Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH), e recebem acompanhamento psicológico e policial.

O laudo da polícia técnica não apontou quais dos integrantes da New Hit teve relações sexuais com as adolescentes, mas segundo o Ministério Público, pela quantidade de sêmen encontrada nas roupas, pelo menos dois rapazes abusou sexualmente de cada uma das jovens. O resultado dos exames de DNA vai revelar a identidade dos agressores e o resultado pode demorar 60 dias.

Protestos – Desde que os rapazes foram soltos no último dia 3, pelo menos dois protestos já ocorreram contra a soltura dos acusados e do soldado da Polícia Militar Carlos Frederico Santos de Aragão, liberado do Batalhão de Choque da PM no mesmo dia. O mais recente ocorreu nesta terça (16), quando um grupo de cerca de cem pessoas, a maior parte mulheres, fez um protesto em frente ao condomínio em que mora o vocalista da banda New Hit, Eduardo Martins, vulgo Dudu, em Guarajuba (BA).

A irmã de uma das vítimas, que não quis se identificar afirmou que, além da violência sofrida, as meninas tiveram que mudar toda a vida, por conta das ameaças e continuam com proteção policial. Elas ainda não voltaram a frequentar a escola. “Eles destruíram os sonhos dessas meninas, acabaram com a vida delas e ganham a liberdade tão facilmente. Que País é esse? Deve ser porque eles têm dinheiro. Mas, nem que seja daqui dez anos, queremos ver eles pagando pelo que fizeram. Não faltaram provas na investigação e mesmo assim estão livres, isso é revoltante”, afirmou.

Medo - Os planos dos integrantes da New Hit eram de voltar aos palcos, mas após a má repercussão do anúncio da primeira apresentação da banda, marcada para o dia 21 de outubro, num festival de pagode em Salvador, eles afirmam ter “medo de voltar aos palcos”. A organização do evento manteve a participação da banda, mesmo após o cancelamento do patrocínio. Em nota, a empresa disse que “em respeito aos consumidores, suspendeu o patrocínio ao evento até que a questão envolvendo uma das bandas do festival seja esclarecida”.

Depois da repercussão negativa, a produção do grupo desmarcou o show, alegando que os músicos não têm condições psicológicas de participar do festival. Em entrevista, à TV Record, Guilherme, um dos integrantes, alegou inocência e disse que a vida deles mudou depois de sair da prisão. “A gente não pode sair de casa, estamos numa prisão domiciliar, a gente não pode fazer nada, ir na rua. Fomos na igreja pagar promessa, e dentro da igreja você ouve que você é estuprador, que você não é digno de ir na igreja e que lugar de estuprador é na cadeia”, relata.

Fonte: Salvador Dez